Estamos em uma crise e todos temos consciência disto.
Mas estamos cientes sobre o que é uma crise? Há um ano fomos pegos de surpresa. Tantas dúvidas, tantas sugestões, tantas críticas, tudo vigente até hoje.
Não temos para onde correr. O que é sabido hoje, amanhã cai-se por terra.
Tudo está sendo criticado, com críticas duras, porque se fez isto e não aquilo. Estamos sendo cobaias desta situação, corremos risco todos os dias, riscos de morte, literalmente, a qual agora está acontecendo com pessoas que conhecemos, pessoas queridas do nosso convívio…
O que fazer? Com as pessoas que estão perdendo familiares, perdendo emprego, perdendo renda, perdendo estudo, perdendo convívio social, perdendo a razão e a nossa saúde mental fica como neste estado pandêmico?
Todos estamos, neste mundo, com toda esta situação que aparentemente demorará a passar e a grande maioria das pessoas só sabe criticar e ver o que lhes convém.
Eu, no cargo que estou ocupando como secretária de Educação do nosso município, primo por vidas e vidas com qualidade, qualidade de ensino-aprendizagem, qualidade de alimentação, qualidade de espaço físico nas escolas, qualidade de material pedagógico, qualidade de relacionamento tanto com professores e alunos, quanto com os pais ou responsáveis, quem foi meu aluno, quem é pai de meus ex-alunos, sabe disto.
E, com ampla certeza, digo que os profissionais da Educação de Humaitá estão apreensivos, ansiosos e muito preocupados com um ensino de qualidade para nossos alunos.
São profissionais competentes e incansáveis na busca de um ensino de qualidade, mas também estão à mercê da insegurança do momento que estamos passando.
E, por isso, estão também muito preocupados com esta lacuna que está se formando, e que fica cada vez maior.
O que vamos precisar fazer são testes, uns querem apostilas, outros não, uns querem aulas on-line e outros não, uns querem retorno e outros não, retorno híbrido e outros não.
Um fato é sabido, esta pandemia aumentou a diferença econômica entre as pessoas, enquanto uns têm computadores, notebooks, celulares e internet potentes outros têm um celular para toda a família e uma internet com dados móveis; outros não têm acesso à internet e nem celulares possuem. A pandemia criou, entre outras situações, este abismo entre as pessoas, e no meio disso tudo, está a escola, um dos únicos lugares que ainda conseguia-se diminuir as desigualdades sociais e hoje, nesse momento, não consegue cumprir seu papel, na totalidade.
O que posso garantir, é que, os profissionais do nosso município estão e serão incansáveis para suprir esta lacuna.
Não queremos perder vidas, não queremos ter nenhum tipo de sequelas e muito menos perder a qualidade de Educação.
Saliento que o retorno presencial não depende de uma decisão a nível de município, do prefeito ou da secretária de Educação, depende de uma decisão judicial, pois há uma liminar estadual que proíbe este tipo de retorno; no momento que for liberado, o governo do Estado precisa autorizar os municípios a retomar às atividades presenciais nas escolas. Ainda assim, não teremos autonomia para isso sem que o COE-E (Centro de Operações de Emergência para a Educação), criado com base na PORTARIA CONJUNTA SES/SEDUC/RS Nº01/2020, que dispõe sobre as medidas de prevenção, monitoramento e controle ao novo coronavírus (COVID-19) a serem adotadas por todas as Instituições de Ensino no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul. O município de forma alguma pode liberar o retorno às aulas presenciais, sem autorização por escrito do COE-E, que é formado por diversas representações ( Decreto Municipal nº 49/2020) como Vigilância Sanitária, Secretaria Municipal da Saúde, Secretaria Municipal de Educação entre outros, essa comissão precisa analisar o plano de contingência de cada escola, os itens de segurança e se todos os protocolos exigidos pelo Ministério Público e Secretaria Estadual de Saúde foram adotados, para depois então, emitir o parecer favorável ao retorno presencial. Somente depois de todos esses trâmites o prefeito emite um decreto autorizando o retorno presencial.
Fica evidente que há uma gravidade na situação, caso contrário, não haveria a necessidade de todos esses protocolos. Fica evidente que não há como tomarmos uma decisão unilateral, pois seremos responsabilizados perante a lei, se caso isso acontecer.
Cabe ainda informar, que todas as escolas estão com seus planos de contingência prontos para análise do COE; a Secretaria Municipal de Educação já providenciou todos os equipamentos de segurança e proteção, tanto para alunos, funcionários e professores. Possuímos também um plano de ação para o atendimento presencial de forma segura aos alunos, que após aprovação do Conselho Municipal de Educação será disponibilizado aos professores e pais. Seguiremos com as apostilas, implantamos uma plataforma virtual como mais uma ferramenta para ampliar a aprendizagem dos nossos alunos, possuímos um plano de retomada dos conteúdos trabalhados no ano passado, estamos tentando melhorar a cada dia, mas pedimos a compreensão dos pais e responsáveis para que aguardem mais um período, acompanhem as atividades, incentivem as crianças a fazerem, que assim que for autorizado, retornaremos de forma presencial, com escalas de atendimento, plantões pedagógicos, atividades de reforço, não deixaremos que a qualidade de ensino no nosso município venha a diminuir, esse é nosso maior compromisso.
“Ninguém solta a mão de ninguém”, e nesse momento é só figurativo, porque não podemos dar as mãos, literalmente! Nossa intenção não é piorar o que está grave e sim amenizar o que estamos passando neste momento de crise.
Obrigada pela compreensão de todos!
Secretária Municipal de Educação de Humaitá, Marcia Pessota Hanauer.